quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

deves ser paciente

embora convivas diariamente

com a impaciência

deves amar com grandeza

o pequeno eu

para amar com grandeza

o pequeno outro

e um dia ver que não há

nem um nem outro

deves agradecer

os atos de ingratidão,

a angústia,

a ansiedade.

sem eles não chegarias a ver

a beleza instantânea:

o vento desfolhando dentes-de-leão,

a ladra de jardins públicos,

intimas pétalas sorridentes.

deves suportar o escárnio

de quem não confia em si mesmo

e desconfia da possibilidade

de criação e liberdade.

deves, não por dever ou dívida,

mas por devoção e devaneio.



Marília K.

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