Shân querida,
o senhor Buda não reverencia nenhum Deus,
nem crê na alma,
nem no paraíso.
O senhor Buda tinha sempre a palavra "sunyata" ("vazio", em japonês) na ponta da língua.
"Sunyata", ao contrário do oco da morte, não dá medo, antes é uma estratégia oriental pra lá de magnífica: tornar-se "sunyata" ou "vazio", por exemplo, para não ser atingido pelo sabre da finitude, pela corrupta voz dos políticos, pela gripe suína etc.
O que há de oco numa xícara é "sunyata", e isto é belo como o Taj Mahal.
"Sunyata" – com a tessitura de átomos levíssimos – dá aparência de ser "vazio", mas é pleno de invisível, de angélico prana.
Outro dia li que o prana não é o ar nem o oxigênio, mas matéria fina de toda certeza.
Prana: sopro vital, alento.
A palavra também é matéria fina de toda certeza e sua origem é a mesma que a do fogo.
Shakespeare disse: "Se a palavra é sopro e sopro é vida".
Já pronunciou Kant: "Devemos aprender a sermos invisíveis com mais humildade".
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